Publicado em 27 de maio de 2022

Produtividade é uma das palavras de ordem na sociedade atual, mas muitas vezes isso se reflete em rotinas cada vez mais corridas e cansativas. Em meio a tudo isso, nosso cérebro pode sofrer os efeitos do estresse, afinal quem nunca teve aquele momento de cansaço em que parece que fica mais difícil pensar de maneira clara e objetiva, não é mesmo? Mas será que é possível manter nosso cérebro atento e produtivo na rotina acelerada da atualidade?

Uma das alternativas é a suplementação com nootrópicos – substâncias que ajudam o cérebro a funcionar melhor, aumentando a produtividade em meio à correria do dia a dia. Esse tipo de abordagem virou febre em alguns ambientes altamente competitivos, como o meio corporativo por exemplo. Substâncias como o piracetam, as anfetaminas e o metilfenidato (que é a famosa Ritalina) ficaram conhecidas como smart drugs (ou drogas da inteligência), sendo muitas vezes utilizadas de forma inadequada por indivíduos que buscam o aumento da produtividade mental, além de existirem muitas dúvidas quanto aos seus efeitos em longo prazo. Por isso, muitos preferem uma abordagem mais natural, através de extratos de plantas ou fungos que possuem propriedades nootrópicas.

Definir a cognição humana é algo bastante difícil, pois ela é extremamente complexa. Mas, de maneira geral, podemos dizer que é o conjunto dos processos cerebrais que envolvem a percepção, o raciocínio, a atenção, o aprendizado e a memória. Uma parte importante da cognição é chamada de funções executivas, e essas representam os processos que associam diferentes informações que culminam no planejamento e a execução de ações. ¹

Devido à complexidade da cognição, os efeitos nootrópicos também podem ser diversos. Nesse sentido, existem inúmeros fitoterápicos nootrópicos que favorecem um ou mais desses processos que comentamos.

A hortelã (Mentha spicata) é um fitoterápico capaz de melhorar a atenção e as funções executivas. Dentre os compostos com atividade biológica, os polifenóis e o ácido rosmarínico parecem ser os principais responsáveis por melhorar o funcionamento dos neurônios, aumentando a produção de proteínas que auxiliam na formação de novos neurônios – também chamado de neurogênese – e no estabelecimento de conexões mais eficientes – conhecido como neuroplasticidade. ⁴

A gingko biloba, por exemplo, é uma das plantas mais conhecidas da Medicina Tradicional Chinesa, utilizada há séculos como um potente “tônico cerebral”. O extrato dessa planta gera uma vasodilatação cerebral, ou seja, aumenta o aporte de sangue que – entre outras coisas – leva a uma melhor oxigenação do cérebro. Pesquisas demonstraram que essa planta gera melhora significativa em funções perceptivo-motoras, as quais são bastante afetadas em doenças neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer. ²

Outro exemplo é a bacopa (Bacopa monnieri), que é um dos fitoterápicos nootrópicos com maior número de evidências científicas. Os estudos demonstram que seus compostos aumentam a neurotransmissão colinérgica (um dos tipos de comunicações neuronais mais importantes nos processos de memória) e os níveis de fatores neurotróficos cerebrais, que favorecem a formação e sobrevivência dos neurônios. Consequentemente, o extrato de bacopa melhora o aprendizado, a memória e a linguagem. Nesse sentido, os estudos mostram que ela é capaz de melhorar a memória tanto de indivíduos saudáveis quanto de indivíduos com comprometimento neurológico. ²

Já a ashwagandha (Whitania somnifera) tem efeitos adaptógenos – que auxiliam o organismo a adaptar-se ao estresse –, além de efeitos nootrópicos. As evidências apontam para uma melhora principalmente na cognição social, que são processos mentais envolvidos na nossa compreensão dos outros e de nós mesmos em situações sociais. Ela ajuda no manejo do estresse, reduzindo seus efeitos prejudiciais, além de contribuir para o manejo dos sintomas associados à ansiedade. ²

A cafeína é um dos nootrópicos mais conhecidos e consumidos no mundo todo. Está presente em plantas como café e guaraná, e melhora diversos dos domínios cognitivos, com destaque para a atenção e para as funções executivas. Além disso, a cafeína reduz a sensação de cansaço. Por isso aquele cafezinho de manhã ou depois do almoço é um clássico na rotina de grande parte das pessoas. Mas vale um alerta, a cafeína ajuda a amenizar os efeitos da falta de sono em curto prazo, mas não substitui uma noite bem dormida. Além disso, doses mais altas desse nootrópico podem favorecer a ansiedade, agitação e o aumento da pressão arterial. ³

O chá verde (Camellia sinensis) tem propriedades nootrópicas e adaptógenas bem interessantes, favorecendo um melhor funcionamento cerebral por diversas vias. Ele possui L-teanina, um aminoácido capaz de melhorar a memória e o aprendizado e auxiliar no manejo do estresse, da ansiedade e da depressão. Além disso, o chá verde possui cafeína e é rico em polifenóis, que são potentes antioxidantes e neuroprotetores. ²

Diferente dos extratos anteriores, o Lion´s Mane tem origem fúngica e não vegetal. Esse cogumelo é rico em compostos bioativos capazes de estimular fatores neurotróficos, aumentar a neurotransmissão noradrenérgica (outro tipo de comunicação neuronal que, assim como a colinérgica, é importante nos processos de memória) e reduzir processos inflamatórios. Dessa forma, os estudos mostram que o extrato de Lion´s Mane melhora o aprendizado e a memória. ⁵

O universo dos fitoterápicos nootrópicos é bastante rico e muitos ainda estão sendo estudados. Mas até aqui, esperamos ter demonstrado que os nootrópicos naturais não só funcionam como podem ter aplicações diversas. No entanto, é bom ter em mente que eles favorecem o funcionamento cerebral, mas não substituem outros fatores importantes como a alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e o sono adequado. Se você quer otimizar o funcionamento do seu cérebro, não esqueça de cuidar da sua saúde como um todo!

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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