Publicado em 03 de abril de 2023

Está chegando a data em que a maioria das pessoas só pensa em uma coisa: chocolate! A páscoa traz consigo toda a magia do renascimento, e para celebrar o que não falta são opções de ovos de chocolate, caixas de bombons e outras apresentações dessa verdadeira tentação. Se você também é do time que adora um chocolatinho, hoje trouxemos alguns motivos para dar uma chance a uma das escolhas menos populares: o chocolate amargo.

Em relação à saúde, as melhores escolhas serão sempre aquelas opções com altas concentrações de cacau (preferencialmente 70% ou mais), que geralmente têm sabor mais amargo.  Consumir esses chocolates com alto teor de cacau, com moderação, pode trazer vários benefícios para a saúde, pois é uma fonte de nutrientes importantes e que contribuem para a prevenção de doenças. No entanto, dependendo da quantidade de calorias e açúcar – sim, eles também contêm, apesar de muito menos que um chocolate ao leite padrão – pode não ser uma opção adequada para todo mundo. A sua composição vai variar bastante de acordo com a marca ou tipo de chocolate. Nesta publicação, quando falarmos de chocolate amargo, nos referimos àquele com alta concentração de cacau.

Um ponto a favor do chocolate com alto teor de cacau é o valor nutricional. O chocolate 70% a 85% cacau costuma conter fibras solúveis, ferro, magnésio, cobre, manganês, potássio, fósforo, zinco e selênio. No entanto, vale reforçar que esta opção deve estar integrada a uma dieta saudável, e deve ser consumida com moderação. Ou seja, não deve ser a fonte principal destes nutrientes, uma vez que para consumir as quantidades diárias recomendadas pode haver uma alta carga calórica e de açúcar, podendo prejudicar o controle do peso corporal e da glicemia. ¹

O chocolate amargo também pode ser uma fonte rica em antioxidantes. O cacau é rico em compostos biologicamente ativos, capazes de neutralizar os radicais livres produzidos pelo metabolismo das nossas células. Dentre eles podemos citar os polifenóis, flavonóis e catequinas. Já foi demonstrado, por exemplo, que os polifenóis do chocolate amargo com amêndoas são capazes de melhorar o perfil lipídico de indivíduos obesos, contribuindo para a redução do risco de doenças cardiovasculares. ²

Além disso, um estudo que comparou o chocolate amargo com pó ou suco de diferentes frutas consideradas superalimentos (se quiser relembrar esse conceito, clique aqui), como mirtilo e açaí, e concluiu que a capacidade antioxidante do chocolate amargo foi superior às demais. ³

Outro benefício atribuído ao chocolate amargo é redução da pressão arterial. Este efeito é atribuído principalmente aos flavonoides que têm a capacidade de estimular a produção de óxido nítrico (NO) no endotélio arterial – a camada mais interna das artérias. O NO leva ao relaxamento desses vasos, reduzindo a resistência vascular e a pressão arterial. Isso foi demonstrado em uma revisão sistemática com metanálise que analisou 42 estudos clínicos randomizados e controlados, com 1.291 indivíduos que consumiram chocolate ou outros produtos de cacau (redução média de 1,60 mm Hg da pressão sistólica e de 1,64 mm Hg da diastólica). No entanto, outro estudo conduzido com indivíduos diabéticos e hipertensos que faziam uso de medicamentos para hipertensão não demonstrou benefícios adicionais do consumo de chocolate amargo nesse parâmetro. Isso é um indício que indivíduos que já fazem tratamento farmacológico para hipertensão podem não observar os benefícios do chocolate amargo na pressão arterial. ^4,5

Também já foi demonstrado que o chocolate amargo pode favorecer um melhor perfil lipídico, reduzindo o colesterol considerado ruim. Em um estudo de metanálise que incluiu 10 ensaios clínicos com 320 participantes, foi observado que o consumo de cacau ou do chocolate amargo promoveu a redução dos níveis séricos de colesterol total e do LDL. Alguns trabalhos apontaram para uma redução também dos triglicerídeos e aumento do colesterol HDL, mas esse efeito não foi replicado em outros estudos. ⁶

Diante das evidências de redução na pressão arterial e melhora do perfil lipídico, tem sido discutido um potencial cardioprotetor do chocolate amargo, tendo em vista que estes são parâmetros importantes no cálculo de risco de doenças cardiovasculares. De fato, alguns estudos revelaram esse efeito de redução de risco para doenças coronarianas e acidentes vasculares cerebrais (AVC). ⁷

No entanto, é importante pontuar que essa redução é modesta e que o consumo deve ser moderado, pois o chocolate, mesmo o amargo, pode ter uma quantidade de açúcar que dependendo da porção ingerida vai aumentar o risco de outras doenças, como a diabetes. Isso foi demonstrado em outro trabalho de metanálise, envolvendo 23 estudos com mais de 400.000 indivíduos, que estimou que o consumo de 45 g de chocolate por semana reduz em cerca de 11% o risco cardiovascular, mas evidenciou que o consumo de 100 g por semana não trouxe benefícios para a saúde. ⁸

Outro benefício atribuído ao consumo moderado de chocolate amargo é a melhora da saúde da pele. Isso porque o cacau, e consequentemente o chocolate amargo, tem alta concentração de flavonoides que, conforme comentamos, aumentam a circulação também na derme, além de aumentar a hidratação e elasticidade. Além disso, também já foi demonstrado um efeito de fotoproteção (mas não dispensa o uso do protetor solar tópico). ^9,10

Por último, mas não menos importante, também já foram evidenciados alguns efeitos positivos em relação ao funcionamento cerebral. Já foi demonstrado que os flavonoides do cacau melhoram o desempenho cognitivo e estimulam a neuroplasticidade – processo importante na formação de memórias. Além disso, o cacau também contém estimulantes naturais como a teobromina e a cafeína, que aumentam a atenção e melhoram o humor. ^11–13

Lembre-se que o paladar também é adaptável, uma vez que você acostuma com opções menos doces, sentirá mais prazer com elas e pode até começar a achar desagradável alimentos com alto teor de açúcar. E aí? Ficou convencido a dar uma chance para o chocolate com mais cacau nesta páscoa?

 

 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.