Publicado em 19 de agosto de 2022

Os nutracêuticos são compostos que podem ser utilizados como suplementos e que têm ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos no meio magistral. Mas você sabe exatamente o que é um nutracêutico?

O que são nutracêuticos?

Esse termo foi cunhado pelo Dr. Stephen DeFelice em 1989, que o definiu como: alimentos, ou parte de alimentos, que promovem benefícios à saúde, incluindo a prevenção e o tratamento de doenças. Hoje em dia, existem algumas variações nessa definição, dependendo da fonte consultada. Mas, de maneira geral, nutracêutico é o termo que descreve um composto bioativo que está presente em fontes naturais alimentares – como plantas, fungos e até mesmo animais – e que tem o potencial de promover a saúde, prevenir e/ou tratar doenças. Alguns autores diferenciam os nutracêuticos de outros suplementos alimentares pelo fato de que estes devem não só complementar a dieta, mas também atuar na prevenção e ou tratamento de uma ou mais doenças.

Assim, diversos estudos científicos têm demonstrado o potencial dessa classe em uma gama cada vez maior de doenças. Por exemplo, a vitamina B12 e o ácido fólico, presentes em alimentos de origem animal e verduras verdes escuras, respectivamente, podem prevenir a esteatose hepática não alcoólica, e nos casos já instalados, podem atrasar a progressão da doença. Já a coenzima Q10 – encontrada em carnes, peixes e em pequenas quantidades em cereais  – contribui para a manutenção da saúde vascular, atenuando a rigidez dos vasos sanguíneos que costumam evoluir com o envelhecimento. ^1,2

Outro exemplo são os tocotrienois, tipos de vitamina E que estão presentes em fontes como o urucum e que têm sido estudados como adjuvante no tratamento de várias doenças – como a doença pulmonar obstrutiva crônica e até mesmo alguns tipos de câncer, incluindo o de mama. E mesmo para transtornos que não são classificados como doenças propriamente ditas, como no caso da menopausa, os nutracêuticos (como a geleia real, nesse caso) também podem contribuir.  ^3–5

Suplementos nutracêuticos sempre valem a pena?

Uma pesquisa recente chocou diversas pessoas ao revelar que grande parte dos americanos que consomem suplementos multivitamínicos não tem os benefícios esperados. Ou melhor, não haveria evidência científica suficiente para justificar o consumo de boa parte dos suplementos consumidos. Esse fato torna-se ainda mais impressionante quando olhamos o volume de dinheiro movimentado nesse mercado, cerca de 50 bilhões de dólares somente no ano de 2021. Mas será que todos estamos desperdiçando dinheiro ao comprar suplementos nutracêuticos? ⁶

Na verdade, o ponto-chave revelado nessa pesquisa é muito menos chocante quando colocado em perspectiva, e algo que já está se tornando clichê em nossos textos. A conclusão é que os suplementos alimentares não substituem hábitos de vida saudáveis! Neste trabalho eles revelam que grande parte dos americanos investe nesses suplementos na expectativa de estar ingerindo uma espécie de pílula mágica de saúde, ao invés de investir na estratégia que reúne o conjunto de evidências científicas mais robusta até o momento: alimentação saudável e exercício físico. ⁶

A verdade é que uma boa alimentação é a base de tudo. Esse é um ponto inegociável e nada substituirá uma boa alimentação no caminho da saúde. No entanto, no caso de vários nutrientes, pode ser difícil consumir quantidades suficientes para garantir os efeitos sobre a prevenção e tratamento de algumas doenças. Neste caso, os suplementos nutracêuticos tem um excelente potencial. É o caso do licopeno, por exemplo, que pode reduzir em média 24% o risco de câncer de próstata – benefício obtido através do consumo de pelo menos 5 tomates todos os dias. Essa pode ser uma quantidade difícil de alcançar para grande parte das pessoas e, nesses casos, uma cápsula pode facilitar bastante a adesão. ⁷

Mas, aqui vale uma reflexão. Você já deve ter visto aquela propaganda de suplemento que promete 150% da quantidade diária necessária de tal vitamina, não é mesmo? Num primeiro momento pode até parecer positivo consumir um tanto a mais do que o necessário, mas uma das grandes citações da área da saúde já diz que “a diferença do remédio e do veneno é a dose”. Na melhor das hipóteses, consumir quantidades excedentes ao necessário é realmente um desperdício, pois possivelmente nem será absorvido ou será rapidamente eliminado do organismo. Mas, na pior das hipóteses, esse nutriente pode se acumular no corpo e desencadear um quadro de intoxicação.

Os suplementos nutracêuticos, como o próprio nome sugere, tem potencial de complementar uma alimentação já saudável – nunca de substituí-la. Mesmo quem se alimenta bem pode aproveitar seus benefícios, mas eles têm indicações específicas e em alguns casos podem até trazer riscos dependendo das quantidades suplementadas. Então, como saber se, no seu caso, o uso de suplementos pode ser vantajoso? Como calcular a quantidade que você – especificamente – deveria consumir de determinado nutracêutico? A resposta está no acompanhamento profissional. Um bom nutricionista é a pessoa mais indicada para avaliar se no seu caso usar suplementos nutracêuticos pode ser vantajoso ou não!
 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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