Publicado em 01 de novembro de 2021.

Culturalmente, o homem tem menor cuidado e preocupação com a saúde em comparação com as mulheres. Contudo, a campanha do Novembro Azul – dedicada à prevenção e diagnóstico de doenças que acometem a população masculina, com ênfase para o câncer de próstata – nos lembra que a saúde do homem também merece atenção especial. O número de novos casos do câncer de próstata é alarmante, sendo a quinta causa de morte de homens em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de próstata é o terceiro tipo de câncer maligno mais diagnosticado mundialmente, ficando atrás apenas dos casos de câncer de pulmão e coloretal. Assim, diante de sua alta incidência, é importante ficar atento aos sinais e sintomas desta doença, bem como buscar informações que auxiliem no combate e prevenção do câncer de próstata. Fique sabendo mais nesta publicação.

A história da campanha

Este movimento teve início na Austrália, em 2003, sendo inicialmente chamado de “Movember” – união das palavras “mo” (gíria australiana para moustache-bigode) – e november (novembro). Na época, um grupo de amigos se espelhou nas campanhas mundiais que vinham sendo realizadas para promover a saúde da mulher e a prevenção do câncer de mama (a campanha Outubro Rosa), e aproveitou a data de 17 de novembro – Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata – para alertar os homens sobre a importância do cuidado com a saúde. Utilizando como símbolo de divulgação um bigode, rapidamente o movimento foi se destacando e passou a arrecadar fundos para uma instituição voltada para os cuidados desta neoplasia. Posteriormente, ganhou adeptos em vários outros países, bem como ampliou o foco para outras doenças que também acometem os homens. No Brasil, a campanha começou a ser promovida em 2011 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia, tendo como principal objetivo contornar o preconceito masculino de ir ao médico e, quando necessário, realizar o exame de toque que auxilia na detecção precoce do câncer de próstata.

O que é a próstata e qual sua função?

A próstata é uma glândula que se localiza na parte inferior do abdômen dos homens, responsável por produzir parte do sêmen – líquido espesso que contém os espermatozoides e é liberado durante o ato sexual. É um órgão pequeno, em forma de maçã, e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto (parte final do intestino grosso), envolvendo a porção inicial da uretra – canal pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. ¹

O que é o câncer de próstata?

O câncer de próstata ocorre devido à multiplicação descontrolada de células cancerosas nessa glândula, que podem formar tumores com potencial de invadir outros tecidos e órgãos, dando origem a metástases. Com o desenvolvimento do câncer e o aumento do volume da próstata, o paciente passa a apresentar aumento da frequência miccional e dificuldade para urinar, visto que devido a sua posição anatomica no organismo masculino, a próstata passa a pressionar a bexiga. Em estágios mais avançados, o câncer de próstata também pode provocar dor óssea ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal. O câncer de próstata pode ser classificado de acordo com seu estágio de desenvolvimento, sendo denominado “T” (o estágio primário quando o tumor é localizado apenas na próstata), “N” (quando o tumor se disseminou para os linfonodos) e “M” (quando ocorre metástase para outras partes do corpo). Quando atinge o estágio de formação de metástase, geralmente os próximos órgãos atingidos são os ossos, o pulmão e o fígado. Contudo, os sintomas associados ao acometimento desses órgãos podem levar anos para se manifestarem. Por esta razão, a melhor opção para o diagnóstico do câncer de próstata é a realização de exames preventivos. ^1,2

Quais são os exames para detecção precoce do câncer de próstata e quando devem ser realizados?

O exame preventivo é uma estratégia que garante a detecção precoce do câncer de próstata e, assim, possibilita maiores chances de sucesso no tratamento. Para esse tipo de câncer, os exames realizados são o exame físico de toque retal e a dosagem do antígeno prostático específico (PSA) no sangue. Recomenda-se a realização do exame para detecção precoce, pelo menos uma vez ao ano, para os homens acima de 50 anos ou, ainda, após os 45 anos de idade para aqueles que possuem histórico familiar. Entretanto, independente da idade, salienta-se a importância de uma investigação apropriada caso se manifestem os seguintes sintomas:

• Aumento do peso corporal;

• Alterações metabólicas, como aumento dos níveis de glicose e colesterol;

• Intolerância ao frio;

• Apatia facial (redução das expressões faciais);

• Fala lenta e rouca;

• Pálpebras caídas;

• Inchaço na face e nos olhos (conhecida como “cara de lua cheia”)

• Afinamento do cabelo;

• Ressecamento da pele e cabelos.

A manifestação de tais sinais e sintomas também podem estar associados a doenças benignas da próstata, tal como a hiperplasia benigna da próstata – que consiste no aumento benigno dessa glândula e ocorre em cerca de 50% dos homens acima dos 50 anos de idade –  e a prostatite, uma inflamação decorrente da infecção por microorganismos. Assim, caso haja suspeita da presença de tumores na próstata, uma biópsia pode ser solicitada para confirmação do diagnóstico.  A detecção precoce do câncer de próstata aumenta significativamente as chances de cura. ¹

Quais são as causas e os fatores de risco para o câncer de próstata?

A etiologia do câncer de próstata não é conhecida. Contudo, diversos fatores modificáveis e não modificáveis já foram estabelecidos, incluindo: idade, etnia, histórico familiar, obesidade, dieta, hormônios, tabagismo e álcool. Com exceção da etnia e da idade, que exercem maior influência, nenhum dos outros fatores isoladamente é determinante para o desenvolvimento do câncer de próstata. Neste contexto, tem sido observado que homens negros e com ancestralidade africana apresentam maior susceptibilidade ao desenvolvimento da doença. Em relação à idade, a probabilidade de desenvolver câncer de próstata antes dos 40 anos é de 0,005%, entre 40 e 59 anos é de 2,2%, e acima de 60 anos é aproximadamente 13%. Ainda, de maneira interessante, tem sido observado um aumento do risco de desenvolvimento de câncer de próstata em indivíduos com casos de câncer de mama na família. Essa relação ocorre, possivelmente, devido às alterações genéticas comuns aos dois tipos de câncer. ³

Podemos reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de próstata?

Felizmente, a resposta para essa pergunta é sim! Apesar de o envelhecimento ser um dos principais fatores para o desenvolvimento dessa doença, hábitos de vida que favorecem um envelhecimento saudável podem reduzir o risco, bem como contribuir para a melhora geral da saúde masculina. Estudos têm demonstrado que uma dieta saudável pode prevenir até 40% dos casos de câncer, visto que atenua fatores de risco importantes para o câncer de próstata, tal como a obesidade, por exemplo. Também, tem sido observado que a suplementação com compostos naturais que apresentam propriedades antioxidante e anti-inflamatória pode prevenir e/ou limitar o crescimento tumoral. Dentre esses compostos, a suplementação com algumas vitaminas (incluindo vitamina E, C e D) e alguns composto como as isoflavonas, o licopeno, o selênio e o Green tea (Camellia sinensis) se destacam por terem demonstrado efeitos benéficos em estudos clínicos e pré-clínicos. Adicionalmente, já foi demonstrado que o tratamento com melatonina pode inibir a vascularização do tumor, impedindo seu crescimento. Desta forma, a associação de hábitos saudáveis (como a prática regular de exercício físico e a dieta balanceada) à suplementação com compostos antioxidantes e quimiopreventivos pode ser uma abordagem interessante para contornar os fatores de risco intrínsecos associados ao desenvolvimento do câncer de próstata, tal como a etnia, a idade e o histórico familiar. ^4,5

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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