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Senolíticos: novos aliados no combate ao envelhecimento?

Publicado em 13 de abril de 2021.

Envelhecimento é definido como o declínio progressivo e natural das funções fisiológicas do organismo, sendo considerado um fator de risco importante para o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e câncer. Com o aumento da expectativa de vida e o aparecimento de inúmeras condições clínicas associadas à idade, o envelhecimento tem se tornado um problema econômico de saúde pública e, assim, muito se tem investido para pesquisar as causas e possíveis alternativas para combater este processo e os riscos associados a ele. 1,2

O envelhecimento celular ocorre em qualquer tecido do organismo e se inicia com o aumento da senescência celular – processo em que as células perdem a capacidade de divisão e proliferação, bloqueando o ciclo celular e ativando mecanismos de apoptose (morte celular programada). Este processo pode ocorrer naturalmente e está associado a diferentes fatores, incluindo o encurtamento dos telômeros (que ocorre quando as células atingem um número elevado de divisões celulares) e os danos celulares provocados a partir do estresse oxidativo.

A senescência celular é um processo que resulta na eliminação de células defeituosas e que previne, por exemplo, o desenvolvimento de tumores. No entanto, à medida que envelhecemos ocorre o declínio na ativação dos mecanismos apoptóticos de células senescentes, resultando no acúmulo das mesmas no organismo. Estas células senescentes secretam uma variedade de mediadores que provocam inflamação local e dano tecidual, sendo tal fenomêno definido como fenótipo secretor associado à senescência (do inglês senescence associated secretory phenotype – SASP). O SASP é caracterizado pela secreção de citocinas, quimiocinas e enzimas (como metaloproteinases) que promovem a degradação da estrutura de tecidos. Com isso, modula a função parácrina celular e resulta em inflamação, fibrose e ainda carcinogênese local e em tecidos adjacentes, favorecendo o desenvolvimento de doenças como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares e renais. Assim, cientistas buscam alternativas que possam neutralizar os efeitos provocados pela senescência celular e pelo fenótipo SASP. 2,3

Neste contexto, surge uma nova classe de medicamentos: os senolíticos.

Mas afinal, o que são Senolíticos?

Senolíticos, são uma classe de compostos que promovem a eliminação de células senescentes do organismo. Estes compostos regulam fatores que protegem as células senescentes da morte celular programada, e que estão associados aos efeitos deletérios decorrentes do acúmulo destas células. Desta forma, compostos senolíticos podem inibir tal proteção e favorecer a apoptose e eliminação de células senescentes, auxiliando na prevenção de inflamação e do dano tecidual.

Dentre os senolíticos estudados, destacam-se a quercetina, o dasatinibe e o fisetin. Diversos estudos pré-clínicos apontam que a administração de senolíticos promove a morte e eliminação de células senescentes, retardando, atenuando ou ainda prevenindo o aparecimento de diversas condições clínicas associadas ao envelhecimento, incluindo catarata, fragilidade óssea, osteoporose, perda do tônus muscular, disfunções cardiovasculares, esteatose hepática, síndrome metabólica e demência. De forma geral, os estudos pré-clínicos sugerem a eficácia destes compostos em aumentar a função motora, a qualidade de vida e a longevidade. 2,4,5

O primeiro estudo a demonstrar a eficácia de compostos senolíticos em humanos foi publicado em janeiro de 2019. Este estudo avaliou os efeitos da suplementação com dasatinibe e quercetina em 14 pacientes com fibrose pulmonar idiopática (FPI) – doença pulmonar grave e rara, caracterizada pela diminuição da função pulmonar e pela ausência de tratamento eficaz, sendo a sobrevida média de cerca de 3 anos após o diagnóstico. Nesta doença, ocorre um acúmulo de células senescentes no pulmão, que resulta no desenvolvimento de fibrose e redução irreversível da capacidade de oxigenação pulmonar. Foi observado que após a suplementação com dasatinibe e quercetina os pacientes apresentaram uma melhora significativa do desempenho físico no teste da velocidade de marcha, ao sentar e levantar em uma cadeira e na avaliação da resistência física durante caminhada, o que sugere uma melhora da função respiratória nestes pacientes.4,6

O estudo completo pode ser acessado através deste link

Adicionalmente, um ensaio clínico publicado mais recentemente avaliou os efeitos da suplementação com senolíticos em 9 pacientes apresentando nefropatia diabética – doença crônica também caracterizada pelo aumento de células senescentes. Foi observado que a suplementação com quercetina e dasatinibe reduziu significativamente o acúmulo de células senescentes no organismo, o que foi confirmado a partir da redução dos níveis de marcadores de senêscencia celular (SAβGal, p16INK4A e p21CIP1) e de fatores SASP, como interleucinas (IL-1, IL-2, IL-6 e IL-9) e enzimas metaloproteinases (MMP-2, MMP-9 e MMP-12). 7

Tais evidências sugerem que a suplementação com compostos senolíticos pode contribuir para a redução dos efeitos negativos decorrentes do acúmulo destas células no organismo, auxiliando na prevenção e tratamento de doenças crônicas associadas ao envelhecimento. Para isto, inúmeros ensaios clínicos estão sendo realizados a fim de determinar a segurança e eficácia de compostos senolíticos em condições clínicas associadas à senescência celular. Os resultados a serem obtidos poderão contribuir positivamente para o tratamento de doenças crônicas importantes, bem como contribuir para a melhora da qualidade de vida e aumento da longevidade.3,4,8

Com o avanço da idade ocorre o acúmulo de células senescentes nos tecidos, as quais passam a expressar o fenótipo SASP, causando danos às células e tecidos adjacentes. A suplementação com compostos senolíticos, por sua vez, favorece a apoptose e eliminação de células senescentes, protegendo as células adjacentes e contribuindo para a homeostase tecidual.

 

 


As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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