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O metabolismo energético fica mais lento depois dos 30 anos?

Publicado em 25 de outubro de 2021.

Você com certeza já ouviu alguém dizer que o nosso metabolismo fica mais "lento" com a idade e que, por isso, é tão comum o aumento do peso corporal à medida que ficamos mais velhos. Mas será que isso é realmente verdade?

O metabolismo

Metabolismo é toda alteração química que ocorre em um organismo vivo através de reações de síntese e degradação de substâncias. O metabolismo energético, por sua vez, é o termo utilizado para designar o conjunto de reações químicas que ocorrem a fim de satisfazer as necessidades energéticas do organismo humano. Estas reações são responsáveis pelos processos de produção de energia (em sua maioria, na forma de adenosina trifosfato – ATP), a qual é posteriormente utilizada pelo organismo humano para permitir a realização de diferentes funções fisiológicas. O metabolismo energético é geralmente divido em dois grupos: o anabolismo e o catabolismo. 1–3

O anabolismo compreende as reações de síntese de nova matéria orgânica, ou seja, é a produção de moléculas mais complexas a partir de moléculas mais simples – como a síntese de proteínas no tecido muscular a partir de aminoácidos provenientes da dieta. Tais reações geralmente consomem quantidades elevadas de energia, sendo o ATP utilizado como principal fonte energética. 3

Em contrapartida, o catabolismo consiste em reações de degradação, em que ocorre a quebra de moléculas mais complexas (como nutrientes, carboidratos, lipídeos e proteínas) a fim de promover a produção de energia. A glicólise – quebra da molécula de glicose – é um processo catabólico importante, que resulta na geração de ATP e água. Outros processos catabólicos essenciais para o organismo humano incluem a digestão de alimentos, a lipólise e a respiração celular. 3,4

O equilíbrio entre as reações catabólicas e anabólicas é necessário para a manutenção da homeostase do organismo, visto que grandes quantidades de energia são exigidas para que ocorra o anabolismo (ou seja, a síntese de moléculas essenciais para o desempenho de funções básicas do ser humano), sendo esta energia obtida através do catabolismo.

O metabolismo energético garante que as necessidades energéticas no organismo sejam supridas e, para isso, envolve a degradação (catabolismo) e a síntese (anabolismo) de moléculas orgânicas. Adaptado de www.shutterstock.com, 2021.

 

Metabolismo energético e taxa metabólica

O organismo humano necessita de energia a fim de nos manter vivos e desempenhar funções vitais, incluindo a respiração, os batimentos cardíacos e a manutenção da temperatura corporal. A quantidade de energia mínima necessária para desempenhar tais funções e manter a homeostase do organismo é denominada de taxa metabólica basal. Adicionalmente, a realização de atividades do dia a dia, como escovar os dentes, pensar ou planejar e praticar exercício físico, também demanda o consumo de grande quantidade de energia. O gasto energético necessário para realizar as funções vitais ao organismo e as demais atividades de nossa rotina pode ser determinado através da taxa metabólica total – que pode variar de acordo com as particularidades de cada indivíduo, como altura, sexo, idade, prática de atividade física e estado nutricional. 5

Anteriormente, inúmeras pessoas responsabilizavam a idade como um fator determinante para o aumento do peso corporal. Quem não se lembra de uma juventude em que era possível comer qualquer tipo de alimento, mesmo em grande quantidade, sem perceber alterações significativas na balança? No entanto, com o passar dos anos e alguns quilos extras, passamos a acreditar que a idade seria um fator importante para o aumento do peso, visto que ao envelhecer, as alterações celulares tornavam o metabolismo mais lento, reduzindo a taxa metabólica do organismo. Embora existam diversos fatores que contribuam para o ganho de peso, evidências recentes apontam que a redução do metabolismo com o decorrer da idade não é um deles. 5,6

Metabolismo e o envelhecimento

De acordo com um estudo clínico publicado este ano pela revista Science por Pontzer e colaboradores, a taxa metabólica do organismo não altera com a idade da forma que pensávamos. O estudo pioneiro foi conduzido com mais de 6 mil indivíduos, com idade de 1 semana a 95 anos, envolvendo mais de 29 países. Os pesquisadores avaliaram as taxas metabólicas basal e total através da técnica chamada “água duplamente marcada”, em que os participantes bebem água contendo isótopos específicos de hidrogênio e oxigênio. Estes isótopos são consumidos à medida que o organismo produz e gasta energia (catabolismo e anabolismo), sendo posteriormente quantificados na urina. Desta forma é possível determinar com exatidão o gasto energético de um indivíduo no seu dia a dia.

Os pesquisadores descobriram que o declínio do metabolismo ocorre apenas mais tarde, após os 60 anos de idade, permanecendo estável durante a vida adulta. O estudo demonstrou que o metabolismo de uma pessoa sofre quatro grandes alterações durante sua vida:

  • Do nascimento até 1 ano, em que o metabolismo de recém-nascidos é equivalente ao metabolismo da mãe, atingindo pico máximo ao completar 1 ano de vida. Neste período, a taxa metabólica pode apresentar valores acima de 50% da taxa metabólica da vida adulta;

  • De 1 aos 20 anos, em que ocorre uma desaceleração metabólica suave, diminuindo o metabolismo em torno de 3% ao ano – até completarmos 20 anos;Dos 20 aos 60 anos, em que o metabolismo permanece estável, sem mudanças significativas;

  • Após os 60 anos, período em que um declínio permanente é iniciado, podendo reduzir 26% da taxa metabólica por volta dos 90 anos.

O declínio da taxa metabólica após os 60 anos pode estar associado à perda de massa muscular e redução de atividades físicas que demandam maior energia. No entanto, a redução do metabolismo também pode estar associada à diminuição da função celular, visto que à medida que envelhecemos inicia-se o processo de senescência celular, impedindo que as células do nosso organismo exerçam suas funções de maneira apropriada – o que pode acarretar na redução da energia requerida. 7

Taxa metabólica correlacionada com o avanço da idade de acordo com o estudo publicado por Pontzer, et al.
Adaptado de www.shutterstock.com, 2021.

 

Ainda, foi observado que não houve alterações significativas da taxa metabólica durante a gravidez ou menopausa, bem como entre homens e mulheres (levando em consideração o peso e tamanho de cada indivíduo), indicando que o gênero não seja um fator determinante para o metabolismo energético. 8

As descobertas surpreendentes sobre o gasto energético do nosso corpo no decorrer da vida nunca foram observadas antes. Tais descobertas poderão auxiliar na melhor compreensão de doenças que envolvem o metabolismo energético, bem como contribuir para a seleção de abordagens terapêuticas e nutricionais mais adequadas para cada indivíduo.

Para ler o estudo completo acesse o link.

 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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