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Já ouviu falar em "efeito Ioiô" e sabe o que ele provoca no seu organismo?

Publicado em 02 de agosto de 2021.

O “efeito ioiô” – também chamado de “efeito sanfona” – é caracterizado por episódios repetidos de perda e recuperação do peso corporal. Comumente é observado após a realização de dietas muito restritivas ou utilização de medicamentos que reduzem o apetite, quando o indivíduo aumenta a ingestão calórica de forma rápida e intensa, recuperando todo o peso perdido e ainda podendo ganhar alguns quilos a mais. Mas como e por que este efeito ocorre?

A obesidade e o efeito ioiô

A obesidade é uma doença crônica e de etiologia multifatorial, caracterizada principalmente pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. É considerada uma doença pandêmica e um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, visto que o número de pessoas obesas tem crescido rapidamente nas últimas décadas. Dentre as abordagens mais prescritas e efetivas para a prevenção e manejo da obesidade destacam-se aquelas associadas às mudanças de estilo de vida e adesão a hábitos mais saudáveis, incluindo a diminuição da ingestão calórica e a prática regular de exercícios físicos. No entanto, apesar de auxiliarem no gerenciamento do peso corporal, nem sempre a adesão dos pacientes a tais intervenções é contínua, o que dificulta a manutenção dos resultados obtidos em longo prazo e contribui para a recuperação do peso corporal. Com isso, os indivíduos passam a realizar ciclos periódicos de restrição energética associados a episódios repetidos de perda e recuperação do peso corporal – caracterizando o efeito ioiô. Neste contexto, compreender como e porque tal fenômeno ocorre é essencial para o desenvolvimento de estratégias que possam auxiliar no gerenciamento do peso corporal e no manejo da obesidade de forma mais efetiva e persistente. 1

Estudos demonstram que as próprias dietas restritivas – em particular aquelas consideradas “não saudáveis” – atuam como fatores de predisposição para transtornos alimentares e episódios compulsivos. As restrições energéticas ocasionadas pela redução drástica da ingestão calórica levam o organismo a obter a energia necessária para o seu funcionamento através das reservas energéticas endógenas, resultando na redução tanto da massa gorda (peso de gordura do tecido adiposo), quanto da massa magra (ou massa muscular). Tal efeito resulta, ainda, em alterações metabólicas e hormonais que acarretam em um mecanismo compensatório, através do qual o organismo reduz o metabolismo energético e aumenta o acúmulo de energia proveniente da dieta visando recuperar as reservas energéticas que foram consumidas durante a restrição calórica – em especial os níveis de massa magra. Uma vez que a taxa de recuperação de gordura corporal é maior que a de recuperação de massa magra, o organismo entra em um estado de hiperfagia (ingestão excessiva de alimentos), que persiste até que os níveis de massa magra sejam completamente restaurados. Como é muito mais fácil recuperar gordura do que massa muscular, até que a quantidade de massa magra retorne aos níveis antecedentes à dieta haverá um excesso de acúmulo de gordura – também chamado de fat overshooting. Assim, indivíduos que realizam dietas restritivas podem terminar um ciclo de restrição calórica com menos massa muscular e, ainda, com maior adiposidade do que quando iniciaram a dieta. 2,3

Um estudo demonstrou tal efeito através da avaliação de indivíduos saudáveis que reduziram a ingestão calórica de forma significativa por um período de 24 semanas (período de inanição), resultando na redução do peso corporal (25%) e dos percentuais de massa gorda (70%) e magra (27%). Posteriormente, os participantes aderiram a dois regimes alimentares diferentes: permaneceram durante 12 semanas em uma dieta restritiva, seguido de um período de 8 semanas de ingestão livre de alimentos. Ao final da vigésima semana, foi observado um aumento do peso corporal mais expressivo e maior ganho (do que perda) de massa gorda em comparação ao início do estudo, antes da redução drástica da ingestão calórica. Desta forma, após a publicação deste estudo os cientistas passaram a sugerir que a dessincronização temporal da recuperação de massa gorda e magra é um dos principais fatores que provocam o fat overshooting e, consequentemente, o efeito ioiô. 4,5

Para ver o estudo completo, acesse o link

O efeito ioiô ocorre após ciclos de restrição calórica intensa, seguidos de episódios recorrentes de perda e recuperação do peso corporal. Adaptado de www.shutterstock.com, 2021.

 

Malefícios do efeito ioiô

Além das alterações psicológicas associadas ao efeito ioiô (como frustração e quadros de depressão), as alterações metabólicas provocadas no organismo durante os períodos de flutuação do peso corporal podem não ser revertidas (mesmo quando a redução do percentual de gordura é alcançada), ocasionando malefícios à saúde. Evidências apontam que o quadro cíclico entre obesidade e redução do peso corporal aumenta os níveis de citocinas pró-inflamatórias, tais como IL-6 e TNF-α – moléculas que estimulam a inflamação no tecido adiposo e geram um quadro inflamatório crônico no organismo. Ainda, o efeito ioiô pode resultar no aumento dos níveis de adipocina, um hormônio que em níveis elevados pode desencadear resistência à insulina e intolerância à glicose. Assim, o efeito ioiô pode contribuir para o desenvolvimento de diabetes, bem como de esteatose hepática não alcoólica, doenças cardiovasculares, disfunções metabólicas e outras condições clínicas de caráter inflamatório. 6–8

Como evitar o efeito ioiô

Aderir à reeducação alimentar é um dos primeiros passos para a obtenção de resultados duradouros e para a manutenção do peso corporal adequado para cada indivíduo. Recomenda-se que a ingestão calórica seja realizada de acordo com o gasto energético de cada organismo, mantendo uma dieta balanceada (proteínas, frutas, legumes e saladas) e sem exceder as quantidades necessárias de cada grupo alimentar. Os programas de reeducação alimentar devem ser adaptados ao estilo de vida e às condições de saúde de cada indivíduo, sendo o oposto de dietas famosas e extremamente restritivas. É recomendado que a reeducação alimentar favoreça a perda de peso de forma gradual ao invés do emagrecimento rápido, permitindo que o organismo se acostume aos novos hábitos. Adicionalmente, é necessário manter o gasto energético do organismo em níveis adequados, uma vez que a redução da ingestão calórica pode levar o organismo a um estado de “sobrevivência”, reduzindo o gasto e aumentando o acúmulo de energia. Logo, a prática regular de atividade física é indispensável, uma vez que estimula o metabolismo energético e contribui para a redução do peso corporal. 8

Recentemente, um estudo demonstrou que a microbiota intestinal de um organismo também influencia de forma significativa o gerenciamento do peso corporal. Foi observado que as alterações da microbiota intestinal em indivíduos obesos permanecem mesmo após a redução da adiposidade, facilitando a recuperação do peso e o efeito ioiô. Os autores propõe que dietas ricas em gorduras favorecem o crescimento de bactérias que metabolizam e degradam flavonoides – compostos orgânicos que apresentam potente atividade antioxidante e anti-inflamatória. Assim, a redução da disponibilidade dos flavonoides obtidos através da dieta pode contribuir para a instalação da resposta inflamatória observada durante a redução rápida de peso, além de regular negativamente o gasto energético e contribuir para a recuperação do peso corporal. Tais resultados sugerem que após o término de uma dieta, a manutenção da microbiota intestinal saudável e a suplementação com flavonoides podem contribuir para o gerenciamento do peso corporal, evitando o efeito ioiô.9

Acesse o estudo completo pelo link

 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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