Publicado em 12 de agosto de 2022

Atualmente é comum esbarrarmos em propagandas de suplementos que prometem aumentar a imunidade. Mas você sabe o quanto disso é real e o quanto é fakenews?

Na verdade, nosso organismo costuma ser muito bom em regular a resposta imunológica. No entanto, essa autorregulação também pode falhar, aí é que teremos problemas. Quando nossa imunidade baixa muito por algum motivo, não conseguimos neutralizar adequadamente os microrganismos aos quais estamos expostos diariamente e, nesses casos, acontecem as infecções oportunistas ou recorrentes.

Imunidade nas alturas

Bom, então você pode pensar que a imunidade deve ser mantida no seu limite máximo sempre e que isso seria quase um superpoder, uma supersaúde, já que estaríamos imunes a todos os tipos de ameaças microbiológicas, certo?

Na verdade, isso não poderia estar mais errado. O sistema imunológico – como quase tudo na vida – trabalha dentro de uma faixa de equilíbrio. Quando ele está superestimulado promove uma resposta inadequada a agentes que não deveriam despertar a nossa resposta imunológica – como antígenos próprios, ou seja, moléculas do nosso próprio corpo! Isso é o que ocorre em doenças autoimunes, por exemplo. O sistema imunológico começa a atacar proteínas específicas que, dependendo da função e localização, levam a lesões e doenças como o lúpus eritematoso sistêmico, a artrite reumatoide e a diabetes tipo 1.

Imunidade e Alimentação

Até aqui você pode estar se perguntando se há ou não relação entre o suporte nutricional e a imunidade. A verdade é que tem, sim, tudo a ver. No entanto, não exatamente como é anunciado em alguns lugares. Não existe uma fórmula mágica que vai calibrar sua imunidade em um nível ótimo. Mais uma vez vamos bater na tecla do conjunto de hábitos saudáveis! Uma boa imunidade é favorecida por um aporte nutricional adequado, aliado a exercícios físicos regulares, sono de qualidade e manejo do estresse.

Mas, falando especificamente da alimentação, ela influencia direta e indiretamente na composição da nossa microbiota (se quiser relembrar esse tema, clique aqui) na permeabilidade intestinal, em processos inflamatórios e no funcionamento dos leucócitos – também conhecidos como células brancas. Todos esses pontos impactam a resposta imunológica. ¹

Já foi observado que uma alimentação ocidental, rica em gorduras saturadas/trans e proteínas, e pobre em fibras, já foi correlacionada ao aumento no risco de desenvolver diversas doenças como as cardiovasculares, a diabetes tipo 2 e até mesmo alguns cânceres. Segundo os pesquisadores, isso pode ser devido a uma inflamação de baixo grau que se mantém cronicamente. Essa discussão sobre os efeitos das chamadas dietas inflamatórias tem ganhado bastante destaque entre profissionais da área. ²

Se as dietas podem prejudicar a resposta imunológica, você pode estar pensando que elas podem também promover reações exageradas e resultar em doenças autoimunes, não é? E é isso mesmo, as alergias alimentares são cada vez mais comuns, mas isso pode ter influência da variedade da nossa alimentação. Um estudo que acompanhou mais de oitocentas crianças do nascimento até os dez anos de idade concluiu que a ingestão de uma maior diversidade de alimentos está associada a uma menor incidência de alergias alimentares. Quanto às doenças autoimunes, também já existem evidências de que elas podem ser influenciadas pela alimentação. Por exemplo, o consumo excessivo de sal já foi associado a uma maior incidência da artrite reumatoide.  ^3,4

Alimentação a favor da imunidade

A alimentação pode prejudicar a resposta imune, mas também pode contribuir para seu funcionamento ótimo. A dieta mediterrânea, por exemplo, que é rica em vegetais, legumes, castanhas, grãos integrais entre outros alimentos saudáveis, já foi relacionada à redução dos parâmetros inflamatórios e a uma modulação positiva da microbiota intestinal, favorecendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta que regulam o funcionamento de todo o sistema imunológico. ⁵

Além disso, uma revisão recente concluiu que a suplementação adequada de micronutrientes (como as vitaminas D e C e o zinco) modula a resposta imunológica positivamente, reduzindo o risco de infecções. Se quiser ler o trabalho na íntegra, clique aqui.

Assim, a suplementação tem um potencial excelente para auxiliar na imunidade. Mas para isso, deve ser feita de maneira adequada, assim como as indicações e doses devem ser ajustadas às suas características individuais. Para isso, o acompanhamento profissional pode ser a chave do sucesso! Mais uma vez, valem aquelas frases clichês (mas muito apropriadas): você é o que você come e a chave está sempre no equilíbrio!
 

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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