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Como o exercício físico melhora a função cerebral e a memória?

Publicado em 25 de maio de 2021.

Você sabia que não são apenas os seus músculos que são estimulados quando você realiza uma atividade física? Evidências científicas vêm demonstrando que a prática regular de exercícios físicos também está associada a uma melhora da função cerebral e resulta em efeitos benéficos sobre a cognição, além de atenuar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento e contribuir para a prevenção de doenças neurodegenerativas.

Todos os movimentos que realizamos naturalmente no dia a dia são considerados atividades físicas. Os exercícios físicos, por sua vez, podem ser definidos como atividades físicas realizadas durante um determinado tempo e com objetivos específicos – seja de manutenção da saúde ou de lazer e recreação. Além do aumento da taxa metabólica e do gasto energético, os exercícios físicos também proporcionam maior aptidão física ao organismo (incluindo a melhora da estrutura muscular, da flexibilidade e do equilíbrio), e podem ser classificados como aeróbicos ou anaeróbicos de acordo com a fonte energética utilizada pelo organismo durante a sua realização, o que está diretamente relacionado à natureza, intensidade e duração do exercício.

Durante exercícios físicos aeróbicos (aqueles de duração prolongada e intensidade baixa a moderada, como caminhadas, corridas e pedaladas), o oxigênio inalado através da respiração é utilizado pelo organismo para a produção de energia, principalmente a partir da quebra de moléculas de glicose e gordura. Já exercícios físicos anaeróbicos são aqueles de curta duração e alta intensidade (incluindo exercícios de velocidade, força e resistência com ou sem peso, como natação, saltos, arremessos e musculação), nos quais a produção de energia nos músculos independe do uso do oxigênio. Enquanto os exercícios físicos aeróbicos estão mais associados à melhora da capacidade cardiorrespiratória, os exercícios físicos anaeróbicos envolvem um esforço intenso e localizado em alguns músculos, resultando em aumento do tônus, resistência e desempenho muscular.

Desta forma, praticar exercícios físicos regularmente promove diversos benefícios à saúde. Além de auxiliar no gerenciamento do peso corporal, diminuir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e proporcionar uma sensação de bem-estar físico e mental, nos últimos anos tem sido demonstrado que a prática de exercícios físicos também exerce um impacto positivo sobre a função cognitiva e melhora o processamento e armazenamento de memórias. Estes efeitos, por sua vez, parecem estar associados à melhora da circulação sanguínea e da oxigenação em regiões cerebrais importantes para a manutenção de memórias (como o hipocampo), bem como à ativação de diferentes vias de neurotransmissão e neuromodulação. Como consequência, é observado um aumento do número e da função das células do sistema nervoso central – processos conhecidos como neurogênese e plasticidade sináptica, respectivamente.

Os efeitos do exercício físico no cérebro humano em curto e longo prazo, bem como o regime (nível de intensidade e duração) mais eficaz para promover a melhora da cognição ainda estão sendo avaliados, embora estudos já tenham demonstrado que mesmo uma única sessão de exercício físico aeróbico de intensidade moderada já é capaz de exercer efeitos benéficos no armazenamento de memórias. Por exemplo, um estudo clínico conduzido recentemente com 72 indivíduos (homens e mulheres, com idade entre 18 e 28 anos) demonstrou que pedalar em uma bicicleta ergométrica por cerca de meia hora pode melhorar a retenção e a recuperação de uma memória associativa por pelo menos 48 horas.

Neste estudo, os participantes receberam a tarefa de associar imagens de locais a endereços. Após 40 minutos realizando esta tarefa e memorizando as associações de imagem e localização, eles foram divididos aleatoriamente em três grupos: um grupo pedalou em uma bicicleta ergométrica durante 35 minutos imediatamente após a tarefa (a uma intensidade de até 80% de sua frequência cardíaca máxima), outro grupo realizou este mesmo exercício quatro horas depois da tarefa, enquanto que o terceiro grupo não fez nenhum exercício físico. Quarenta e oito horas mais tarde, estes voluntários retornaram ao laboratório e foram submetidos a um teste no qual tinham que apontar a imagem correspondente a cada endereço, com a finalidade de avaliar a retenção das informações previamente aprendidas (ou seja, a formação destas memórias). Ao mesmo tempo em que realizavam este teste, o cérebro destes indivíduos foi monitorado através de um aparelho de ressonância magnética, visando avaliar se o exercício físico foi capaz de modificar a ativação de regiões cerebrais envolvidas no armazenamento destas informações.

Durante o teste, os indivíduos que haviam se exercitado quatro horas após a tarefa de memorização apresentaram uma taxa de acerto significativamente maior das associações entre imagens e endereços. Além disso, também foi observado que ao responder cada pergunta corretamente, estes indivíduos também apresentavam uma maior ativação do hipocampo, região cerebral importante para a aprendizagem e a formação de memórias associativas. Ainda, embora não tenham sido mensurados os níveis plasmáticos e cerebrais de neurotransmissores ou outras substâncias relacionadas à plasticidade sináptica, os cientistas acreditam que a atividade aeróbica promova a síntese e liberação destas substâncias químicas no organismo, contribuindo para a formação de memórias. Entretanto, mais estudos precisam ser realizados para investigar a janela temporal exata durante a qual a prática de exercícios físicos é eficaz em promover a melhora na retenção de memórias – já que os indivíduos que realizaram o exercício físico imediatamente após a sessão de memorização não apresentaram os mesmos benefícios. Adicionalmente, é preciso investigar a influência do sono no armazenamento desta memória, uma vez que a sessão de teste foi realizada 48 horas mais tarde, e não no mesmo dia em que o exercício físico foi realizado.

O estudo completo pode ser acessado através deste link.

O exercício físico pode auxiliar no armazenamento de informações ao promover a maior ativação do hipocampo, região cerebral importante para a aprendizagem e a formação de memórias associativas.

Por fim, estudos como este sugerem que a prática de exercícios físicos poderia ser aplicada cotidianamente como uma estratégia para otimizar o aprendizado (no ensino infantil, por exemplo), bem como para atenuar o prejuízo cognitivo observado em pacientes com doenças neurodegenerativas, tal como a doença de Alzheimer. Vale lembrar que a melhor maneira de iniciar a prática de um exercício físico (e torná-lo um hábito de vida) é escolher uma modalidade que seja prazerosa e que esteja adequada às particularidades de cada indivíduo. Além disso, para extrair o máximo de benefícios desta prática, é importante sempre contar com as orientações de profissionais devidamente habilitados, que poderão auxiliar no planejamento e execução correta destes exercícios.

   

As informações fornecidas neste blog destinam-se ao conhecimento geral e não devem ser um substituto para a orientação de um profissional médico ou tratamento de condições médicas específicas. As informações aqui apresentadas não têm o objetivo de diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.

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